terça-feira, 29 de setembro de 2009

SÃO JOÃO EUDES (1601-1680)

São João Eudes nasceu no norte da França, na Vila de Ri, próximo a Argentan, em 14 de novembro de 1601. Cresceu em uma família profundamente religiosa. Fez seus primeiros estudos no Colégio Real de Dumont, pertencente aos jesuítas. Já na adolescência consagrou-se a Maria.
Aos 22 anos ingressou na
Congregação do Oratório, sendo ordenado padre dois anos depois. Dedicou-se a pregar entre o povo nas regiões de Île-de-France, Bolonha-sobre-o-Mar, Bretanha e Normandia. Assistiu aos doentes e suas famílias durante a epidemia de peste em 1627 sem temor da doença. Temendo que seus companheiros de congregação fossem contaminados devido ao seu contato com os enfermos, não entrava em casa e dormia dentro de um barril.

Percebeu como urgente a reforma do clero. Em
1643, abandonou a Congregação do Oratório e fundou a Congregação de Jesus e Maria, para dar formação espiritual e doutrinal aos padres e seminaristas. Posteriormente fundou uma congregação religiosa feminina, a Congregação Nossa Senhora da Caridade do Refúgio para atender mulheres prostitutas e crianças em más condições de vida. No século XIX esta congregação originará a Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, das irmãs do Bom Pastor. Fundou ainda uma associação para leigos, para aprofundar a doutrina cristã.
Após uma longa vida dedicada à missão entre o povo, morreu em
Caen, norte da França, em 1680.

Desde o tempo de sacerdote do Oratório, dedicou-se às missões populares, que foram ainda mais impulsionadas pelas congregações por ele fundadas: teriam sido 110 missões em toda a França.
Sua espiritualidade afetiva contrastou com o rigor doutrinário do
jansenismo e da passividade do quietismo. O seu eixo espiritual era a misericórdia, expressa na caridade para com os mais abandonados. Além disto, desenvolveu a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e Maria.
Discípulo de Bérulle, consagrou-se à formação dos seminaristas. Depois, fundou a Congregação de Jesus e Maria, tendo em vista a cristianização do meio rural, e também a Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio. Foi um ardente propagandista da devoção aos sagrados corações de Jesus e Maria, enfrentando a heresia jansenista.

João Eudes foi um grande reformador da vida religiosa. Sua experiência no meio do povo o fez conhecer a penosa situação do clero e dos cristãos e a necessidade urgente de formação. Daí sua dedicação à fundação dos Institutos religiosos. Na sua concepção, a formação do clero era uma meio de difundir a misericórdia de Deus expressa em ações em favor dos mais necessitados.
João Eudes foi proclamado pelo Papa Pio X Pai, Doutor e Apóstolo do culto litúrgico do Sagrado Coração. Foi canonizado pelo Papa Pio XII em 1925.

PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO EUDES

"Se temos de suportar alguma moléstia ou fadiga não é para desanimar-nos ou queixar-nos por tão pouca coisa. Inclusive se tivéssemos de enfrentar a morte, não deveríamos acaso considerar-nos imensamente afortunados?".

"A divina misericórdia me tem feito passar por numerosas tribulações, este tem sido um dos mais insignes favores que dela tenho recebido, porque me têm sido extremamente úteis, e Deus me tem livrado sempre delas".

"Mesmo estando já velho (74 anos), prego quase todos os dias, confesso, e atendo infinidade de assuntos. Todas estas fadigas nada custam quando se tem o consolo de ver como os povos correspondem ao que se faz por sua salvação".

"Depois de uma desolação de seis anos, o Pai das misericórdias e Deus de todo consolo se tem dignado enxugar minhas lágrimas e mudar minha amargura em regozijo incrível. Seja por isso louvado e bendito eternamente".

"São maravilhosos os frutos que recolhem os confessores. Mas o que nos aflige é que nem a quarta parte se poderá confessar. Estamos abrumados. (...) O que estão fazendo em Paris tantos doutores e bacharéis, enquanto as almas perecem por milhares, porque ninguém lhes estende uma mão para retirá-las da perdição?".

"Nada desejo pessoalmente, mas se Deus me exigisse expressar meu querer, escolheria seguir vivendo indefinidamente, para ajudar a salvar as almas".

"O que somos nós, meus irmãos, para que Deus nos empregue em tão sublimes ministérios? Para se dignar a escolher a nós, miseráveis pecadores como instrumentos de suas divinas misericórdias?".

"Três coisas se requerem para que haja misericórdia. A primeira é ter compaixão da miséria do outro, pois misericordioso é quem leva em seu coração as misérias dos miseráveis. A segunda consiste em ter uma vontade decidida de socorrê-los em suas misérias. A terceira é passar da vontade à ação".

"Se dependesse de mim, iria a Paris a gritar na Sorbone e demais colégios: "Fogo, fogo! Sim, o fogo do inferno está consumindo o universo. Venham senhores doutores, venham senhores bacharéis, venham senhores abades, venham todos os senhores eclesiásticos e ajudem a apagá-lo".

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