São Máximo, Confessor, nasceu em 580, em uma família nobre de Constantinopla. Máximo, o Confessor foi o mais brilhante teólogo de uma época profundamente conturbada.
Foi primeiro secretário e conselheiro Imperial na corte de Heráclio. Depois de haver recebido uma esmerada educação civil e religiosa, ocupou um alto cargo estatal que abandonou para tornar-se monge.
Em 613 se retirou ao Monastério de Crisópolis, em Scutari, em frente à Bizâncio. Foi o grande campeão durante as controvérsias monofisitas e monotelitas.
No início, combateu o monofisismo; mais tarde, dedicou todas as suas energias contra a heresia monotelita.
Em 633 esteve em Alexandria com São Sofrônio. Permaneceu, na África, durante longos anos.
Em 645 discutiu vitoriosamente em Cartago com o Patriarca Pirro, sucessor de Sérgio.
Em decorrência de diversas perseguições, transferiu-se para Alexandria, e talvez para Cartago. Manteve discussões violentas com algumas heresias da época. Enfrentando uma heresia chamada monotelitismo, foi convocado para um concílio em Roma, acusado de conspiração contra o Império e exilado. Levado prisioneiro para Constantinopla, foi condenado a um exílio na Trácia. Um segundo julgamento transferiu-o para Colquis, não sem que antes lhe cortassem a língua e a mão direita (daí o título de Confessor - alguém que “confessou” a verdadeira fé).
Morreu em 662, depois de sofrer as torturas e a mutilação.
São Máximo escreveu numerosos escritos teológicos, exegéticos e éticos. São Máximo é o último grande teólogo da Igreja de língua grega, anterior a São João Damasceno. Possui sólida formação clássica e sagrada. Grande admirador dos Gregórios (de Nissa e Nazianzo).
Herdeiro, por meio de Evagrio Pôntico, da tradição origenista, e sofre influência de Leôncio de Bizâncio e Anastásio de Antioquia. Sua fonte principal é Pseudo Dionísio. Sua doutrina enquadra no esquema de fundo Neoplatônico, e une uma aguda penetração teológica a uma profunda tendência mística.
Em sua linguagem, rigor e precisão de suas definições revelam influência de Aristóteles.
São Máximo cria na Apocatástasis final. A reintegração das coisas em Deus se verificará por um processo de reunificação. A pluralidade retornará à unidade. Desaparecerá a distinção dos sexos.
Tudo voltará a ocupar o lugar que lhe corresponde, e então se realizará a divinização de todas as coisas. Até as almas dos condenados, por muitos séculos, chegarão a perder a recordação do pecado e retornarão a Deus.
PENSAMENTOS DE SÃO MÁXIMO
"Deus é sempre não participado em sua essência incomunicável, e é participado naquilo que Ele nos comunica"
"É o amor que aperfeiçoa a natureza humana e a faz participante por graça da natureza divina"
"Deus nos criou, produziu os seres existentes, todos eles, trazendo à existência aquilo que não existia, a fim de que nos tornássemos participantes da natureza divina, para que entrássemos na eternidade, para que pudéssemos tornar-nos semelhantes a Ele, sendo por graça deificados”.
"O Verbo de Deus criando a natureza humana introduziu nela um poder intelectual em virtude do qual ela poderá gozar do próprio Deus. Este poder é o desejo natural do intelecto por Deus. Todavia, o primeiro homem, no seu primeiro movimento para as coisas sensíveis, aplicou a inteligência à percepção sensível"
"Será Deus por semelhança aquele que, imitando o amor de Deus pelo homem, cura também divinamente os sofrimentos dos infelizes e no seu comportamento dá uma prova da Providência salvadora de Deus"
"O amor divino é extático enquanto não permite que os amantes pertençam a si mesmos mas àqueles que amam. Pois um verdadeiro amante saiu de si mesmo para Deus e já não vive mais a própria vida, mas aquela infinitamente mais amável do amado"
"Toda virtude ajuda a amar a Deus; nenhuma porém, como a oração pura"
"À medida que rezares por quem te caluniou, Deus revelará convincentemente a verdade a teu respeito àqueles que abriram a estrada à tentação"
"Se sentes ranços contra alguém, reza por ele; com a oração poderás superar a amargura derivada do erro recebido e desse modo frear o movimento da paixão"
"O amor e o domínio de si libertam a alma das paixões; a leitura e a meditação libertam a mente da ignorância; e o recolhimento em oração coloca o homem diante de Deus mesmo"
"Na Encarnação, Deus e o homem se servem reciprocamente de modelo: Deus se humaniza pelo homem no seu amor a ele e na mesma medida o homem, fortificado pela caridade, se transpõe por Deus em Deus"
"Deus criou-nos para nos fazer participantes da natureza divina, e participantes de sua eternidade, para que fôssemos semelhantes a Ele, para a deificação por graça"
“A Sagrada Escritura é como um ser humano. O Antigo Testamento é o corpo, o Novo Testamento é a alma, e o sentido do que ali está é o espírito. De um outro ponto de vista, podemos dizer que toda a Escritura sagrada, Antigo e Novo Testamento, tem dois aspectos: o conteúdo histórico, que corresponde ao corpo, e o sentido profundo, o objetivo a que devemos aspirar, e que corresponde à alma. Se pensamos nos seres humanos, vemos que eles são mortais em seu aspecto visível, mas imortais em suas qualidades invisíveis. Assim é a Escritura. Ela contém a letra, o texto visível, que é transitório. Mas também contém o espírito escondido por trás da letra, e esse não se extingue nunca, e deveria ser o objeto da nossa contemplação”.
“Quando tiverdes valentemente triunfado das paixões do corpo, guerreado contra os espíritos impuros e expulsado os seus pensamentos do domínio da alma, rezai para que vos seja dado um coração puro, e para que o espírito de retidão seja restaurado nas vossas entranhas. Pode-se chamar coração puro aquele que não tem mais nenhum movimento impulsivo para o que quer que seja. Nessa tábua perfeitamente lisa, que é fruto da simplicidade, Deus se manifesta e inscreve as suas próprias leis. Coração puro é aquele que apresenta a Deus uma memória sem espécies nem formas, unicamente disposta a receber os sinais pelos quais Ele costuma se manifestar".
“O espírito do Cristo que os santos recebem, de acordo com a palavra ‘nós temos o espírito do Senhor’ (Cor.1), não decorre da privação da nossa potência intelectual, nem como um complemento do nosso intelecto, nem sob a forma de um acréscimo substancial ao nosso intelecto. Não; ele faz brilhar a potência do nosso intelecto na sua qualidade própria, e a leva ao mesmo ato que ele. O que eu chamo de ‘ter o espírito de Cristo’ é pensar segundo o Cristo, e pensar o Cristo em todas as coisas”.
"A vontade de Deus é que nos salvemos, e nada Lhe agrada tanto quanto voltarmos a Ele num arrependimento verdadeiro. Os arautos da verdade e os ministros da Graça divina têm-nos dito isto desde o início, repetindo-o de idade em idade. Na verdade, o desejo de salvação com que Deus se aproxima de nós é o primeiro e o melhor sinal da sua infinita bondade. Foi exatamente para mostrar que não há nada tão próximo como isto ao coração de Deus que o Verbo divino, com inaudita condescendência, viveu entre nós, na carne, e fez, sofreu e disse tudo o que era necessário para reconciliar-nos com Deus Pai, quando éramos seus inimigos, e para restaurar-nos na bem-aventurança de que tínhamos sido exilados. Ele curou as nossas enfermidades físicas através de milagres; ele libertou-nos dos nossos pecados, numerosos e graves como eles eram, através do seu sofrimento e morte, levando-os em suas costas como se fosse responsável por eles - Ele, que não tinha pecado. Ele também nos ensinou, de muitas maneiras, que deveríamos querer imitá-lo com nossa bondade e genuíno amor um pelo outro. E assim Ele proclamou que tinha vindo chamar os pecadores ao arrependimento, não os justos, e que não são os sãos que precisam de médico, mas sim os doentes. Ele disse que tinha vindo buscar a ovelha perdida, e que para essa ovelha perdida da casa de Israel Ele tinha sido enviado. ‘Podeis saber que há alegria no céu - Ele disse - quando um único pecador se converte’".
"’Vinde a mim, vós que estais assoberbados e com o coração pesado’. ‘Aceitem o meu jugo’, Ele disse, significando os seus mandamentos, ou antes, todo o modo de vida que Ele ensinou nos Evangelhos. Ele fala de um fardo, mas isso é apenas porque o arrependimento parece difícil. ‘De fato - como Ele disse -, o meu fardo é leve, e o meu jugo é suave’".
“Pode-se encontrar cinco motivos pelos quais Deus permite que os demônios nos ataquem: Primeiro, para que, através desses ataques e contra-ataques, nos tornemos hábeis em distinguir o que é bom do que é mau; Segundo, de modo que nossa virtude se mantenha no calor da luta, e assim seja confirmada numa posição inexpugnável; Terceiro, de modo que, à medida que avançamos em virtude, sejamos curados da presunção, aprendendo a humildade; Quarto, de modo a inspirarrnos um repúdio completo ao mal, em seguida à experiência que temos dele; Quinto, e acima de tudo, de modo que conservemos nossa liberdade interior e nos tornemos convictos tanto das nossas fraquezas como da força daquele que veio em nosso auxílio".
"Pelo teu nome, Senhor, não nos abandones para sempre, não disperses a tua aliança e não afastes a tua misericórdia de nós (cf. Dn 3, 34-35) pela tua piedade, Pai nosso que estás no céu, pela compaixão do teu Filho unigênito e pela misericórdia do teu Santo Espírito... Ouve a nossa súplica, ó Senhor, e não nos abandones para sempre. Nós não confiamos nas nossas obras de justiça, mas na tua piedade, mediante a qual conservas a nossa estirpe... Não desprezes a nossa indignidade, mas tem compaixão de nós segundo a tua grande piedade, e segundo a plenitude da tua misericórdia purifica-nos dos nossos pecados, para que, sem condenações, nos aproximemos da tua santa glória e sejamos considerados dignos da proteção do teu Filho unigênito".
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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