Não se sabe exatamente quando nasceu Hadewijch de Antuérpia, mas foi por volta de 1190. Ela faleceu pelo ano 1240. Hadewijch foi uma Beguina de Flandres, Holanda, a qual extravasou seu amor extático por Deus em líricas místicas de amor, um gênero literário desconhecido no Ocidente, até então.
Foi uma das primeiras e mais influentes figuras de amor místicas, na qual a união com Deus é vivida na terra como um relacionamento de amor simbólico.
Embora ela escrevesse no holandês medieval e endereçasse suas obras para as companheiras Beguinas, ela tinha bom conhecimento do latim e do francês e usou isso para efeito literário.
Sua doutrina mística, que se mostra reservada frente ao clima extático de sua época, descreve a união mística insistindo no fato de que esta não tem lugar no gozo contínuo da presença de Deus, senão que geralmente na imitação de Cristo, especialmente em seus sofrimentos.
Hadewijch sustentava que o indivíduo não encontraria força para buscar o Amado (Minne, o Divino) a menos que ele inicialmente provasse a força compulsiva do Amor (Minne).
Toda a Trindade, modelo paradigmático de um dinâmico revelar-se de Deus no plano histórico, é declinada no feminino. Para Hadewijch de Antuérpia, a escritora beguina dos Minnesaenger, os cantos do amor, o divino é a Senhora Amor (die Frau Minne), amor absoluto, amor-desejo.
PENSAMENTOS DE HADEWIJCH DE ANTUÉRPIA
"Quer eu esteja viajando pelo país ou colocada na prisão - de qualquer modo, é o trabalho do amor".
“Todos nós desejamos ser deuses com Deus, mas Ele sabe que poucos desejam ser homens com Ele em sua humanidade, carregar a cruz com Ele, ser pregado nela com Ele e pagar o débito da humanidade”
"Você deve escolher e gostar da vontade de Deus em todas as coisas. Sua vontade para você, para seus amigos, por Ele, mesmo que seu próprio desejo seja que Ele lhe dê consolo, de maneira que possa viver aqui em paz e tranqüilidade".
"No primeiro princípio Amor (Minne) nos sacia: quando Amor no início me falou de amor, Ah! Como toda a Ele, de tudo eu ria: fez-me então assemelhar-me à semente que na cinzenta estação logo floresce mas longamente o fruto faz esperar"
"A loucura de amor é uma rica meada. Quem quer que reconheça isso não trocaria o Amor por nada: ele pode unir os Opostos e reverter o paradoxo. Declaro a verdade sobre isso: a loucura do amor torna amargo o que era doce, torna o estrangeiro um amigo, e torna o menor o mais digno".
"Para almas que não atingiram tal amor, eu dou este bom conselho: se não podem fazer mais, que peçam anistia ao Amor, e o sirvam com fé, de acordo com o conselho do nobre Amor, e pensem: 'Pode acontecer, o poder do Amor é tão grande!' Só depois que morre é que uma pessoa fica além da cura".
"O que é este suave peso do Amor e seu jugo de suave sabor? Será a nobre carga do espírito com que o Amor toca a alma amante e a une a ele numa só vontade e em um só ser, sem retorno?"
"Oh, como aos meus olhos parece novo quem serviu ao novo Amor com fidelidade nova e verdadeira -como a noviça deveria apropriadamente fazer quando o Amor primeiro se revela a ela... Pois o Amor concede o bem novo que torna a mente nova, que renova a si mesmo em tudoem que o Amor renovadamente toca".
"Conheço uma pessoa que no início dedicava-se ao Amor como num jogo: até que perdeu-se nele tão completamente que já não havia jogo algum para ela. Para ela, o recuo é completamente impossível".
"Devemos esquecer completamente o amor em troca do Amor;aquele que troca o amor pelo Amor é sábio. É íntegro, seja na morte ou na vida:morrer pelo Amor é ter vivido bastante. Eia, Amor! Há muito tempo me conduziste ao extremo; mas neste mesmo extremo aonde me levaste, manterei vigília, Amor, a serviço de teu amor."
"Deves sempre, com avidez ardente,procura novos sofrimentos em prol do Amor. Deves deixar o Amor - ele mesmo - agir; Ele te recompensará todas as penas com amor. Se deixares teus sofrimentos serem um fardo para ti, tu não o amas, é evidente. Se desejas fazer uma cena e ostentar teu sofrimento, esqueceste completamente do nosso Amor, que conquista tudo, e conquistará quem quiser pertencer completamente a ele... Assim, adornemo-nos ambas para que o próprio Amor possa nos levarà beatitude que foi preparada, onde o Amor estará eternamente".
"Quem conquista o Amor é ele mesmo conquistado;assim ele é servido;e quando acalenta quem quer que seja ele consuma em nova moldura tudo o que possui. Assim, sendo velho, aprende
através do poder do Amor conquistar a paz, onde ele descobre que o preço do Amor é a miséria".
"Às vezes indulgentes e às vezes rudes, às vezes tenebrosos e às vezes brilhantes: ao liberar consolo, no medo coercitivo, no aceitar e no dar, devem aqueles que são cavaleiros errantes no Amor viver sempre aqui embaixo".
sábado, 16 de fevereiro de 2008
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3 comentários:
Gostei de ler esta resenha sobre a grande Mulher medieval que foi Hadewijch...que eu desco!. Mas o que lamento ´e nao haver um poema dela...
Francisco Martins
Gostei de ler esta resenha sobre a grande Mulher medieval que foi Hadewijch...de que apenas ouvi falar vagamente!
Mas o que peço ´e que coloquem algum poema dela...
Francisco Martins
Oi Francisco. Me envie seu email que te passo alguns poemas dela
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