quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

HILDEGARDA VON BINGEN (1098–1179)

Hildegarda de Bingen foi uma mulher notável, que escreveu versos e música religiosa, obras de teologia e escritos sobre visões, e deixou também inúmeras cartas. É a primeira entre os grandes místicos alemães. Teve suas revelações aprovadas por bispos e papas, que permitiram-lhe a publicação. Com senso de justiça, não tinha medo de denunciar ninguém, nem poderosos arcebispos. Para a vida de suas religiosas, compôs poesias, hinos e antífonas, musicados por ela mesma e que hoje estão sendo lançados no mercado discográfico. Também ainda se editam seus livros de medicina, com receitas extraídas da natureza. Uma mulher completa, que marcou a história medieval alemã e eclesial.

Hildegarda de Bingen nasceu em Bockelheim, Alemanha em 1098. É uma das mais notáveis figuras alemãs do século XII: poetisa e profetisa, musicista, médica e moralista política, ousava censurar papas e príncipes, bispos e leigos. Hildegarda foi a décima e última filha de uma nobre família e foi logo destinada à Igreja. Aos 8 anos, muito doente, foi entregue aos cuidados de uma tia monja chamada Jutta para receber uma educação religiosa. Jutta ensinou-lhe a ler e escrever e rudimentos de latim. Jutta faleceu em 1136. Nessa altura, as outras monjas elegeram Hildegarda, então com 38 anos, para abadessa.

Desde a morte de sua tutora Jutta, em 1136, Hildegarda tornara-se ela própria responsável pela parte feminina do mosteiro de São Disibod. Os escritos de Hildegarda chamaram a atenção do Papa Eugénio (1145-1153), que a exortou a continuar a escrever.

Ela teve várias experiências místicas, as quais teve o cuidado de registrar em seus escritos. Seu trabalho mais conhecido é Scivias, escrito entre 1141 e 1151, no qual ela relata suas 26 visões. Em 1151, Hildegarda acabou o seu primeiro livro de visões Scivias. O Scivias, abreviatura de Scito vias Domini (Conhece os caminhos do Senhor), foi seu primeiro livro, no qual, auxiliada pelo monge Volmar, registrou com grande riqueza de detalhes vinte e seis visões. O Scivias compreende três partes, a primeira relatando seis visões, a segunda, sete visões e a terceira, treze. Foi também o ponto de partida para tornar Hildegarda não apenas conhecida mas sobretudo aceita como autoridade nos mais variados assuntos tanto religiosos quanto relativos ao comportamento humano e à natureza.

Em 1147 ela fundou o Convento de Ruperstsberg perto de Bingen. Ela foi ainda a Abadessa do seu convento Beneditino de Ruperstsberg, e é chamada "Sibila a mística do Reno". O mosteiro que construiu tinha água encanada em todos os 50 aposentos. Ela mesmo dirigiu a construção, ao mesmo tempo se dedicando a viagens, a fim de denunciar abusos na Igreja e fomentar a reforma na vida cristã.

Por volta de 1150, Hildegarda mudou o seu convento de Disibodenberg para Bingen, 30 km a norte, nas margens do Reno. Mais tarde, fundou outro convento em Eibingen, na outra margem do rio. Hildegarda foi autora de várias obras musicais de temática religiosa incluindo Ordo Virtutum, uma espécie de ópera que relata um diálogo de um grupo de freiras com Deus. Sua música e poesia continuou popular por séculos. Escreveu música e textos em honra da Virgem Maria em canto chão (gregoriano) e antífonas.

Dessa época (1150), é Ordo Virtutum (Peça sobre as Virtudes). Escreveu ainda dois livros de visões Liber vitae meritorum (1150-63) (Livro dos merecimentos da Vida) e Liber divinorum operum (1163) (Livro das Obras Divinas). Escreveu ainda dois dos únicos livros de medicina escritos na Europa no século XII, onde demonstrou um conhecimento notável de plantas medicinais. Publicou ainda Physica e Causae et Curae (1150), sobre história natural e sobre os poderes curativos de vários objetos naturais.

A sua fama de mística e santidade ultrapassou as fronteiras do seu convento e do seu país, chegando a Roma. O Papa Eugénio III estabeleceu uma comissão para investigar a sanidade de Hildegarda e a validade das suas obras. A comissão visitou Bingen e após diversas entrevistas com Hildegarda, a abadessa foi considerada sã. Nunca foi formalmente canonizada, mas ela é considerada como uma santa na Alemanha. Após quatro tentativas de canonização, Hildegarda permanece apenas beatificada. A Igreja Anglicana também a reconhece como santa. É conhecida também como Santa Hildegarda von Bingen.

Hildegarda faleceu em 17 de Setembro 1179.

Se o interesse pelos seus livros é hoje puramente histórico, já a sua música é objeto de enorme divulgação nos últimos decénios, com inúmeros discos gravados.

PENSAMENTOS DE HILDEGARDA VON BINGEN

"Sou a brisa que nutre todas as coisas verdes. Encorajo o desabrochar dos botões em frutos maduros. Sou a chuva que vem do orvalho e provoca o riso da grama pela alegria de viver"

"Não quero que perscrutes as estrelas, o fogo ou as aves, ou qualquer outra criatura que seja, sobre as causas futuras".

"Ó homem, Eu te resgatei pelo sangue do Meu Filho, não com malícia e iniqüidade, mas com a máxima justiça. E contudo Me abandonas, a Mim, o verdadeiro Deus, e segues aquele que é mentira. Eu sou a justiça e a verdade, é por isso que te advirto na fé, exorto-te no amor e acolho-te na penitência, a fim de que, mesmo ensangüentado pelas feridas do pecado, te ergas da profundeza da queda".

"Oh pastor das almas
e oh primeira palavra
pela qual temos sido todos criados!
Consente, consente agora
em livrar-nos
de nossas misérias e nossa languidez!"

"Primitivamente os homens eram rudes e simples em seus costumes; depois, na Antiga e na Nova Lei, tornaram-se mais instruídos e se afligiram e se molestaram mutuamente. Mas no final dos séculos terão de sofrer muitos reveses por seu endurecimento".

"E ouvi de novo uma voz do céu, que dizia: 'Deus, que fez todas as coisas por Sua vontade, criou-as para conhecimento e honra de Seu nome. Não somente para mostrar nelas as coisas visíveis e temporais, mas para manifestar nelas as coisas invisíveis e eternas. O que é demonstrado pela visão que contemplas.'"

"O Espírito Santo, vida vivificante,
é o motor de tudo e a raiz de toda criatura.
Purificas tudo da impureza,
apagando os pecados, suavizando as feridas;
Ele é assim a vida fulgurante e digna de louvor,
que desperta e reanima a todas as coisas"

"Ó Deus, que fizestes admiravelmente todas as coisas, Vós coroastes o homem com a coroa de ouro da inteligência; e o revestistes com a soberba vestimenta da beleza visível; e assim o colocastes, como um príncipe, acima de Vossas obras perfeitas, que dispusestes com justiça e bondade entre Vossas criaturas. Porque outorgastes ao homem dignidades maiores e mais admiráveis do que às outras criaturas".

"Porque, quando o homem possui uma tão grande força que Me ame com ardor maior que as outras criaturas (...), Eu não separo seu espírito de seu corpo antes que ele tenha podido levar à maturidade seus frutos saborosos, que têm um odor suave. Mas aquele que Eu considere tão débil que não possa suportar meu jugo em meio às tentações do sedutor maligno e na pesada escravidão de seu corpo, Eu o retiro deste século antes que ele comece a murchar com o aviltamento de sua alma; porque Eu sei tudo".

"Oh maravilhosa presciência
do coração divino
que conheceu de antemão a toda criatura!
Pois quando Deus viu o rosto do homem
que Ele modelou,
o que viu foram todas suas obras
nesta mesma forma humana toda inteira.
Oh maravilhosa inspiração
que fez assim nascer o homem!"

“A oração é, essencialmente, a inspiração e expiração da respiração do universo”.

Um comentário:

Clara Angélica disse...

Está circulando um texto na NET, intitulado: Desenvolvimento da Moralidade.
Recebi com a autoria abaixo e gostaria de confirmar.O DESENVOLVIMENTO DA MORALIDADE
Piaget e Kohlberg foram os primeiros psicólogos a se interessar pelo desenvolvimento da moralidade na criança e no homem adulto.
Gilberto Ribeiro e Silva
Licenciado em ciências biológica – UFRGS
2º ano de filosofia – FAFIMC

Bibliografia:
DUSKA, R. - WHELAN, M., O Desenvolvimento Moral na Idade Evolutiva, Edições
Loyola, São Paulo, 1994.

Atenciosamente,
Clara